O presidente da Venezuela, Hugo Chavéz, é a nova estrela do Twitter. Referi aqui, no dia 30 de Abril, a sua chegada e a forma como a conta @chavezcandanga se tornou na mais rápida de sempre a somar seguidores (ler Chávez no Twitter, 119.233 followers depois).
Desde então as notícias sobre a conta têm-se multiplicado. Seja pela contagem dos followers (já passou os 313.000), seja sobretudo pela atenção com que decidiu estar naquela rede informativa. Contratou um staff para desbastar as mensagens e responder aos milhares de pessoas que o interpelam.
Hoje mesmo causou impacto mundial por ter ali noticiado em primeira mão o afundamento da plataforma de gás Aban Pearl, ao largo da costa venezuelana. Em dois tweets seguidos (ver imagem abaixo) deu conta do essencial, nomeadamente da não-existência de vítimas entre os 95 trabalhadores.
O facto de ser uma figura polémica, para dizer o mínimo, explicará em parte a sua rápida ascensão no estrelato do Twitter. Mas é melhor procurar explicações mais fundo... A verdade é que a conta @chavezcandanga é surpreendentemente adequada ao meio em que está inserida. A forma como o staff de Chávez, alegadamente de 200 pessoas, escreve e se relaciona fá-lo surgir como um membro do Twitter igualzinho a milhões.
A linguagem personalizada e forte, que é também imagem de marca do polémico presidente venezuelano, é natural no meio Twitter e os tuiteiros encarregues da sua conta imitam-no na perfeição. A coloquialidade dialogante é outro ponto marcante do ambiente Twitter e a conta de Chávez está em permanente diálogo com os followers que se lhe dirigem, respondendo-lhes de igual para igual, sem verticalizar a linguagem.
E ainda conversa como qualquer outra pessoa do que vai fazendo. Como esta sequência ilustra. Depois de nos dizer que "hoy hablé con Lula sobre Haití y las cumbres de Teherán y Madrid de la semana próxima!!" (aqui), enfia a propósito que quem ligou foi "el amigo José Sócrates" (imagem abaixo).
Foi também uma informação em primeira mão. E aproveitada pelos jornalistas que já sabem que vale a pena manter um olho na timeline: o Público aproveitou para fazer uma notícia (Chávez anuncia no Twitter ida de Sócrates à Venezuela), confirmando-a junto do gabinete do Primeiro-Ministro.
Mas as decisões de Hugo Chávez na adaptação à web social contrastam com as do seu amigo. Como se pode ver abaixo, a conta do Governo português, @govpt, optou por um perfil mais sóbrio, limitando-se a retransmitir as informações colocadas no site do Governo.
Esta é, de resto, a atitude mais comum em Portugal (e não só). A conta da @Presidencia também mantém as distâncias e usa a conta em regime automático.
Se em diversas áreas o presidente da Venezuela é um caso de estudo do não-fazer, noutras nem tanto.
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