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O uso da web social é já um hábito corrente para as populações mais conetadas. Três quartos da população dos Estados Unidos da América usam as redes sociais pelo menos uma vez por semana, indica um novo estudo patrocinado pela Nielsen -- ou seja, a audiência total na web social americana é de 127 milhões.



Intitulado "2010 Social Media Matters Study" (ver link no final), o estudo envolveu 1.700 utilizadores de Internet nos EUA. Os resultados constatam que 73% dos inquiridos estão presentes na web social, sendo que este presença está definida como: ler ou fazer comentários num blog ou forum, visitar uma rede social, e ver vídeos no Youtube.

O Facebook exerce uma atração crescente sobre grande parte da população, rivalizando com os media tradicionais: o seu uso diário superou já os canais de comunicação tradicionais como a rádio (37%) e jornais (22 %), estando quase a alcançar a televisão (55%, números da Nielsen).

Mais de metade do top ten diário de destinos de media são sites sociais, indica ainda o estudo.

Os jogos sociais, sobretudo no Facebook, são já um hábito diário para uma multidão de pessoas.

O estudo é da responsabilidade da rede de publicações online BlogHer (focada na autoria feminina), tem o patrocínio da Ketchum e da Nielsen e pode ser puxado em PDF aqui.
"O Twitter tem sido uma armadilha fatal para os jornalistas", é o título de uma peça publicada na parte noticiosa do Sapo. Eu não teria lá chegado se o título não tivesse sido tuítado: prefiro usar agregadores de notícias em que confio, isto quando não vou diretamente aos meios, ou os agrego eu usando as ferramentas tecnológicas ao dispor.


Tudo na pretensa notícia está errado. A autora tinha uma ideia (a de que o Twitter é "mau") e para a passar (ver actualização, em baixo) parte de um facto, que interpreta erradamente, e vai de distorção e erro em distorção e erro até à conclusão final. De caminho cita um professor universitário para emprestar credibilidade à sua própria opinião. Acontece aos melhores e o problema não está, obviamente, no que disse Hélder Bastos.


A peça, enquanto opinião, poderia ter algum valor. Podia estar alicerçada numa demonstração de factos. Podia usar a eloquência, podia usar a lógica. Estaria certo, seria leal para com o leitor. Mas não foi o que se passou: pega-se num facto, interpreta-se ao contrário e tiram-se conclusões gerais que nada têm a ver com a origem do facto, publicando o resultado final num sítio que tem notícias.






Desmontando a "notícia":


1. O "obscuro utilizador" breakingnews é, na realidade, propriedade da cadeia MSNBC, referida na peça como tendo usado "enganadamente" a informação pretensamente obtida a ler aquele tweet. Quando se passou precisamente o contrário. De posse de uma informação, a cadeia MSNBC fez o que é já rotina no seu modus operandi: meteu a informação em curto na conta @breakingnews (que, como o nome indica, é mesmo para isso). De nada disto nos informa a "notícia"; pelo contrário, desinforma, garantindo precisamente o oposto.


2. Tudo na "notícia" está redigido de forma a levar o leitor a crer que foi o malvado Twitter o culpado, quando o erro está na própria fonte. Os jornalistas da MSNBC foram induzidos em erro pelas etiquetas das câmaras de monitorização de vulcões (ver imagem abaixo da câmara que os enganou). Eles próprios, aliás, o explicaram -- mas quem escreveu a "notícia" não leu a explicação, ou se leu ignorou-a na altura da redacção, o que seria muito mais grave.


Eis a explicação, dada por Alex Johnson:

1. What happened with Hekla reports? We held off on first bulletins, awaiting second source, which was Iceland's RUV, streaming webcam ...





2. ... labeled "Hekla." We tweeted that, with link, as an "indication" that Hekla was erupting. Many retweets stripped out the hedging. ...
3. ... Remember that that tweets, which stress speed, are only as good as original sources ^AJ



3. A cadeia de retransmissão Twitter, neste caso, fez o que está certo: retransmitiu a informação de fontes absolutamente credíveis. A conta @BreakingNews é uma das fontes Twitter com maior credibilidade. A sua fonte era uma fonte oficial islandesa. Se as primeiras duas fontes da informação original erraram, a responsabilidade principal é delas e não da cadeia de retransmissão. 


Imaginemos que não havia Twitter. A MSNBC dava o breaking news da actividade vulcânica em antena. As outras cadeias e jornais o que faziam? Iam a correr comprovar a fonte, ou publicavam? Uma minoria não daria sem confirmar pelos seus próprios meios, mas a maioria retransmitia ao mesmo tempo que destaca alguém para averiguar e seguir os desenvolvimentos. É a prática corrente: avaliar o risco, ficar de fora ou entrar e procurar apanhar o fio da meada.


Imagino o título da correspondente "notícia", cuidadosamente colocado entre aspas para parecer uma citação que tem alguma coisa a ver com o assunto (basta ler o que disse o Hélder para perceber que é um abuso puxar aquilo para título): "a televisão tem sido uma armadilha fatal para jornalistas".


4. Se um jornalista transmite uma informação sem a confirmar, o problema é do meio utilizado para a obter?


É isso que fica entendido na peça. Digamos que é subverter a ordem natural da cadeia de responsabilidade. Se uma fonte oficial dá uma informação, a sua credibilidade é elevada. O jornalista pode passar a informação em breaking news, tratando do seu aprofundamento em seguida. Não é, de todo em todo, o mesmo que ler algo de uma fonte desconhecida, ou de credibilidade não avaliada, no Twitter e passá-lo como verdadeiro -- que é o que a "notícia" em análise nos quer fazer crer que aconteceu.


5. A assunção de que os "600" retweets (eram mais de 800 já na altura, mas isso agora não interessa) constituem uma medida do "sucesso" do tweet de origem obscura e mentiroso que enganou as pobres televisões, com o intuito de reforçar o lado "perigoso" do Twitter, é um disparate que não resiste a uma verificação mínima do que se passa normalmente com a conta @breakingnews, que tem um alto perfil e 1,7 milhões de followers. A título de exemplo, estoutro tweet recente teve mais de 800 retransmissões diretas e mais de 7.000 indiretas. A conta @BreakingNews está entre as mais retweeted, ou retransmitidas, o que nos dá uma indicação do prestígio de que goza.




Concluindo. Este caso é de facto um excelente exemplo do estado do jornalismo português (falo especificamente do jornalismo sobre as tecnologias e os novos espaços de fronteira por elas aberto, isso a que chamamos agora a web 2.0).


O Twitter é um pau de 2 bicos, disse -- e bem, porque o é -- o Hélder Bastos. O Sapo é um pau de 2 bicos, digo eu: também é uma plataforma para passar como notícia uma informação mal fundamentada e interpretada. (O Sapo e qualquer outro website que publique notícias, não há aqui nada de particular, digo isto para evitar desde já mal entendidos e mal intencionados.)


Mas o caso da erupção é o último a invocar para explicar os perigos do Twitter. Exactamente porque os envolvidos no engano são fontes oficiais e jornalistas profissionais, não são fontes de credibilidade indeterminada e amadores ansiosos por brilhar no "tempo real". Podia ter acontecido noutro suporte ou meio à mesma equipa de 18 - jornalistas profissionais - 18 que editam a conta @breakingnews para a MSNBC.


Fontes complementares:
Actualização: a autora da notícia, a jornalista Alice Barcellos, entrou em contato comigo. Tinha duas coisas a dizer-me: que não era sua intenção passar a sua opinião no texto e que -- e isto é importante -- o seu título não é o que saiu. O seu título original era (e ela tentará que venha a ser de novo, junto da editora): "Uma erupção que só durou algumas horas". O trabalho dos editores às vezes trai o jornalista no terreno.
Os diários gratuitos com publicação em Portugal viram a sua circulação cair em 2009. Citados por Piet Bakker no seu último boletim Newspaper Innovation (edição de Março/Abril), os números da Associação Portuguesa de Controlo de Tiragem indicam a quebra de 50% no Global Notícias, enquanto Destak e Metro cairam 40%.

As causas, avança Bakker, terão origem na crise económica, levando a cortes nas páginas e na distribuição para baixar os custos.

É o cenário mais provável. A verdade é que há dois anos a circulação era muito maior e chegaram a existir 6 jornais gratuitos de circulação nacional em Portugal, um dos quais um semanário. Dois entretanto já desapareceram: o Sexta (semanário) e o Meia Hora.

O gratuito do grupo Control Investe perdeu metade da circulação, passando da média de 201.000 exemplares em 2008 para 105.000 em 2009.

Destak e Metro, ambos do grupo Cofina (disclaimer: colaboro no jornal Correio da Manhã, que pertence a este grupo), passaram de 159.000 para 99.000 (Destak) e de 168.000 para 105.000 (Metro).

O Oje está estável em torno dos 27.000.

Na Holanda a quota de mercado dos gratuitos é elevada: 25%. Mas os elementos das auditorias seguem o padrão europeu: os 3 diários nacionais holandeses baixaram a ciculação.

Na Finlândia a razia tem sido impiedosa. A circulação dos 3 diários finlandeses era de 2 milhões em 2006 e tem vindo a cair desde então, para menos de 500.000 em 2009.

O declínio sente-se em toda a Europa e não apenas no número de exemplares em circulação. Em quase todos os países cobertos por Pietr Bakker títulos e edições desapareceram.

A exceção vem da França
Quase todos, porque há uma exceção: a França. Tirando uma pequena queda em 2009, a circulação tem sempre aumentado e assim continua. Das 30 edições grátis que se publicaram até hoje no país, apenas uma fechou, o ano passado. E em 2009 e 2010 foram lançadas 4 novas edições. Em Paris, além dos matutinos, há um vespertino gratuito.

Também iam salvar o jornalismo...
Há 3 anos havia quem acreditasse que os gratuitos iam salvar o jornalismo. O fenómeno estava em grande em Portugal e fiz uma reportagem para o P2, no Público, acerca deles. Fiz também uma pequena infografia dinâmica e interactiva, um mashup, que se actualizava autonomamente. Infelizmente, já não se actualiza na totalidade, tendo havido links que se quebraram.

Esse escaparate está disponível no meu endereço. Uma imagem abaixo.



José Luis Orihuela deu uma entrevista recomendável, e que por isso partilho abaixo, em duas partes. Falou com Stephanie Falla aobre os novos cenários da comunicação, novos meios e ainda o impacto na educação. Ninguém gosta de falar nisso, até porque o fosso é muito profundo e afecta não apenas as atitudes e comportamentos, como as percepções da importância dos assuntos.

Ora escutem:




Segunda parte:



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Qual é o maior computador do mundo? O Top500 Supercomputers diz que é o Jaguar/Cray, da IBM, com 224 mil processadores. Mas a verdade não oficial é outra. O maior computador do mundo é uma rede pirata de origem russa. Se usa Windows, há 2,5% de probabilidades do seu próprio computador fazer parte dela. A "botnet" Conficker, mais conhecida enquanto vírus, é na verdade a mais poderosa máquina do mundo. Em cada 1.000 computadores, 25 estão ao serviço da Conficker (dados desta semana). Entre eles já estiveram servidores da marinha francesa e de vários governos.


Facebook scam
Cuidado com o simpático Mr. Benjamin T. Dabrah que descobre parentes que nos querem enviar dinheiro. O scam nigeriano chegou ao Facebook.