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Os números valem o que valem -- e nas redes sociais devem ser tomados com graaaande latitude, pois nem sempre valem alguma coisa. Contudo, são uma das medidas pelas quais as contas no Twitter são sopesadas. E no Twitter há desde há algumas horas seis portugueses com mais de 30.000 seguidores, ou followers. A conta mais recente a superar os 30.000 foi @jafonso -- isto segundo o top do TwitterPortugal.com.



Esta semana a minha conta passou os 20.000 followers. Sou o 14º honroso classificado daquela tabela, continuando a descer à medida que a rede se alarga :)

(Disclaimer: o TwitterPortugal.com é um projecto onde tenho interesses).
Há algum tempo que esperava da Google um movimento como o revelado ontem: um investimento, de soma não declarada, na empresa Recorded Future -- que, como o nome indica, pretende gravar o futuro.

A Recorded Future é uma espécie de bola de cristal hi-tech: pretende conseguir previsões semelhantes às meteorológicas. Analisando um grande conjunto de dados, conseguem-se identificar comportamentos em situações semelhantes, e como tal fazer alguma previsões. Com ferramentas de manipulação e visualização de resultados e projecções, faz-se o resto.

Em actividade desde Abril de 2009, a Recorded Future (ver blog da empresa) tualmente a empresa já fornece relatórios sobre o mercado financeiro, geopolítica, indústria, figuras públicas, segurança de sistemas de comunicação e até terrorismo (ver video abaixo). Mas a aplicação pode ser usada (149 dólares mensais) para gerar resultados sobre um determinado tema, ou até pessoa.




A tática do martelo
A aproximação da Recorded Future ao problema está bem de acordo com a aproximação da Google. Basicamente, consiste em: primeiro acumular grandes quantidades de dados; segundo, extrair meta-informação desses dados para prestar serviços de valor -- sejam resultados de pesquisas que estão muito acima do que a concorrência é capaz de fazer, seja o melhor anti-spammer do mercado, ainda por cima fornecido de borla. Terceiro, apurar a fórmula.

Aliás, basta ouvir os engenheiros e os altos quadros da Google para perceber quanto eles valorizam a acumulação de dados e a extracção de todos os tipos de valor através da tática do martelo ou da força bruta, muito comum aos engenheiros informáticos -- como os tenho ouvido, já esperava o movimento de aquisição.

Já há algum tempo, de resto, que a própria Google vem "brincando" com a análise de dados para previsão. Subsidia projectos sem fins lucrativos destinados ao combate de doenças usando a informação colhida em tempo real das pesquisas feitas pelas pessoas. Por exemplo, se o número de pesquisas por "gripe" aumenta subitamente numa determinada região, ou regiões, isso constitui um alerta em tempo real -- muitas horas antes do padrão poder ser detectado pelas autoridades sanitárias, ou mesmo dias e semanas, em certas latitudes.

(Aprofundar: com Detecting influenza epidemics using search engine query data, o artigo publicado na revista Nature, e vendo o FluTrends, na Google.)

Em Fevereiro de 2008 a Google anunciou um investimento de 25 milhões de dólares num prazo de 5 anos para programas de combate a ameaças.

Esse programa está dentro da Google.org - o ramo da Google não votado ao lucro, cuja direcção foi entregue a Larry Briliant, cientista com um papel determinante no combate à varíola.

A tática da inteligência
A utilização de grandes quantidades de dados e respectiva análise é um método antigo, ao qual a Google -- e também a Recorded Future -- dão a volta com uma larga experiência nos métodos de aquisição, arquivamento, filtragem e processamento. Estes novos processos permitidos pelo bom uso da informática permitem melhorar substancialmente a pesquisa, na medida em que a aceleram brutalmente.

Contudo, há outra aproximação mais radical a problemas de informação que também tem sido testada para prever comportamentos, nomeadamente do mercado financeiro. Consiste na sabedoria das multidões -- colocar uma questão a uma grande quantidade de cérebros e extrair a média das respostas. É excelente para prever o peso de um animal ou o número de feijões num frasco (exemplos referidos no The Wisdom of Crowds, de James Surowiecki, que já li faz tempo, e que é excelente para quem quiser desbravar esta fascinante área. Está disponível em português.).

Abusando da expressão para efeitos de estilo, esta é a tática da inteligência -- seja lá isso o que for. Tornando mais complexa a grelha de interpretação (confronto de respostas por grupos de cérebros) podemos melhorar, ou piorar, os cenários de previsão.

A Sabedoria das multidões tem dado bons resultados na antecipação de resultados eleitorais e no mercado de capitais, mas além da componente séria há a lúdica, a não desprezar. As técnicas dos mercados de previsão têm eco em Portugal no Trocas de Opinião, um site que poderá ter um papel interessante em próximos actos eleitorais -- no ano passado ainda não tinha massa crítica. Mas com o tempo isso esbater-se-á. Hoje já ali surgem resultados a ter em conta.

Sendo certo que a aproximação da Google aos problemas nunca privilegiou o processamento pelos humanos -- os cientistas-google são mais do género de usar a força dos algoritmos e o poder dos processadores --, a verdade é que, em última análise, a acção humana está bem no cerne do seu processo: são os biliões de acções humanas, sobretudo de pesquisa, mas também de decisão (como no Gmail, onde, sem nos apercebermos, ajudamos a detectar o spam), que alimentam os seus imensos, colossais armazéns de dados.


Resta-me acrescentar que esta aquisição surge num embrulho com outras da Google Venture, o braço da Google para os investimentos fora da área tecnológica e de longo prazo (tem apostado no mercado da energia comprando eólicas, entre outras aquisições).
É certo que tem ainda muito para cair, mas é igualmente certo que esse movimento se apresenta imparável: o browser da Microsoft, Internet Explorer, desceu a sua quota de mercado abaixo uma barreira psicológica, a dos 60%, no passado mês de Abril.

O Internet Explorer chegou a ter mais de 90% do mercado depois de ter vencido o Netscape na guerra dos browsers, na década passada. Na altura valeu tudo, nomeadamente abuso da posição dominante (que a empresa viria a pagar barato, em advogados e custas de processos movidos dos 2 lados do Atlântico). 

O Netscape conseguiu uma espécie de vingança quando um descendente seu -- o Firefox -- conseguiu ameaçar o domínio do Internet Explorer e iniciar o movimento descendente deste.

Assim, há anos que o Internet Explorer vem perdendo a posição. A diferença é que agora perde utilizadores para o Chrome, o browser da Google. Ainda segundo os números da Netmarketshare, desde Abril do ano passado o Chrome ganhou 4,94 pontos enquanto o Firefox subiu apenas 0,75 e o Opera 0,26. No mesmo período o Internet Explorer perdeu 7,82 pontos percentuais de quota de mercado.



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A Microsoft sofreu dois fortes revezes esta semana e enfrenta um futuro complicado. Cancelou o seu Courier Tablet, rival do iPad da Apple. E viu a Hewlett Packard, mais importante distribuidor mundial de aparelhagem informática, desistir do Windows 7 para o futuro aparelho do tipo iPad. 

Num golpe estratégico a HP comprou em saldo a Palm, pioneira nos smartphones, com imenso "know-how" e sistema operativo adequado. 

Todos apostam num futuro com aparelhos móveis variados, operando sistemas leves e tendo os dados disponíveis na famosa "cloud". Todos menos a Microsoft.


Efeito Hollywood
Grupo Facebook da semana: 18.900 pessoas aderiram a "Eu sempre quis entrar num táxi e dizer: "SIGA AQUELE CARRO!" www.s3g.me/99u