Os diários gratuitos com publicação em Portugal viram a sua circulação cair em 2009. Citados por Piet Bakker no seu último boletim Newspaper Innovation (edição de Março/Abril), os números da Associação Portuguesa de Controlo de Tiragem indicam a quebra de 50% no Global Notícias, enquanto Destak e Metro cairam 40%.
As causas, avança Bakker, terão origem na crise económica, levando a cortes nas páginas e na distribuição para baixar os custos.
É o cenário mais provável. A verdade é que há dois anos a circulação era muito maior e chegaram a existir 6 jornais gratuitos de circulação nacional em Portugal, um dos quais um semanário. Dois entretanto já desapareceram: o Sexta (semanário) e o Meia Hora.
O gratuito do grupo Control Investe perdeu metade da circulação, passando da média de 201.000 exemplares em 2008 para 105.000 em 2009.
Destak e Metro, ambos do grupo Cofina (disclaimer: colaboro no jornal Correio da Manhã, que pertence a este grupo), passaram de 159.000 para 99.000 (Destak) e de 168.000 para 105.000 (Metro).
O Oje está estável em torno dos 27.000.
Na Holanda a quota de mercado dos gratuitos é elevada: 25%. Mas os elementos das auditorias seguem o padrão europeu: os 3 diários nacionais holandeses baixaram a ciculação.
Na Finlândia a razia tem sido impiedosa. A circulação dos 3 diários finlandeses era de 2 milhões em 2006 e tem vindo a cair desde então, para menos de 500.000 em 2009.
O declínio sente-se em toda a Europa e não apenas no número de exemplares em circulação. Em quase todos os países cobertos por Pietr Bakker títulos e edições desapareceram.
A exceção vem da França
Quase todos, porque há uma exceção: a França. Tirando uma pequena queda em 2009, a circulação tem sempre aumentado e assim continua. Das 30 edições grátis que se publicaram até hoje no país, apenas uma fechou, o ano passado. E em 2009 e 2010 foram lançadas 4 novas edições. Em Paris, além dos matutinos, há um vespertino gratuito.
Também iam salvar o jornalismo...
Há 3 anos havia quem acreditasse que os gratuitos iam salvar o jornalismo. O fenómeno estava em grande em Portugal e fiz uma reportagem para o P2, no Público, acerca deles. Fiz também uma pequena infografia dinâmica e interactiva, um mashup, que se actualizava autonomamente. Infelizmente, já não se actualiza na totalidade, tendo havido links que se quebraram.
Esse escaparate está disponível no meu endereço. Uma imagem abaixo.
1 comentários:
Uma indagação: -Será que o fato de terem acabado com a necessidade de formação acadêmica para ser jornalista no Brasil está associado a esta crise mundial deste setor? Claro que, juntamente com todas as questões de mídia social e modernidade atual que costumo acompanhar pelos seus posts no twitter. De qualquer forma a mudança no Brasil é na teoria, acredito que só a longo prazo alguma agência de notícia de qualidade e/ou simplesmente dominante irá contratar alguém sem formação na área.
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