Seguindo o plano previsto, este blog mudou para endereço dentro do Correio da Manhã. Os leitores do feed e da newsletter nada perderam: ambas as edições reflectem já a publicação dentro do novo endereço. Bem como os leitores nas redes Twitter e Facebook. Só faltava colocar aqui, na web, o letreiro da mudança. Fica: http://comunidade.xl.pt/CMJornal/blogs/ondasnarede/default.aspx
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O colunista do New York Times David Carr não escreveu este título sobre os títulos dos jornais. David Carr escreveu, sim, uma das suas colunas no NYT sobre o que ele considera uma perda.
Em síntese, David Carr (não confundir com Nicholas Carr, crítico da tecno-utopia e autor de, entre outros, "Is Google Making Us Stupid?") lamenta que a ditadura dos algoritmos prejudica a qualidade dos títulos. Ou seja, a Internet e a optimização para os motores de pesquisa obrigam o jornalista -- ou o titulador, figura que existe em muitas redacções -- a produzir títulos descritivos, em vez de criativos.
"Os títulos dos jornais eram antigamente escritos com os leitores em mente, sendo espertos, interessantes ou evocativos. Hoje as headlines existem apenas para serem apanhadas no radar dos motores de pesquisa", escreveu David Carr.
Na realidade Carr apresenta-se um pouco fora dos factos, quer a montante, quer a jusante da sua argumentação. Começo a montante.
Historicamente os títulos dos jornais foram objecto de muitas mutações. Podemos dividir a origem dessas mudanças em 2 tipos: as produzidas pelo homem, na evolução própria do conceito de jornalismo, que também se foi modificando ao longo dos últimos 200 anos; e as forçadas pelas mudanças técnicas na impressão dos jornais.
As mudanças técnicas, como os saltos da tipografia manual para as máquinas de compor e sobretudo da tipografia do chumbo para o offset, obrigaram a maiores alterações na medida em que alteraram os tamanhos e proporções dos títulos. Em geral, encurtaram batidas. Ouvi muito jornalista e diretor de jornal queixar-se da "ditadura do off-set", que "reduzia a criatividade" pois passámos a dispôr de menos batidas para os títulos. O desktop publishing devolveu parte da elasticidade perdida com o off-set ao liberalizar o uso da condensação das fontes.
Independentemente dos condicionalismos técnicos, a obrigação dos títulos interessantes sempre existiu e de alguma forma veio a tornar-se cada vez mais importante. Por uma razão de mercado, mais que qualquer outra: o aumento da concorrência estimulou a produção de títulos capazes de agarrar os olhos do leitor. Isto é especialmente verdade para as primeiras páginas. No interior dos jornais a "regra" aplica-se na mesma, por força do menor tempo de que as pessoas foram dispondo para ler os jornais.
Assim, Carr parece centrado num pequeno período da história dos jornais: o último quarto do século passado.
A jusante, Carr revela menos conhecimentos. É verdade que no universo dos algoritmos um título descritivo leva teoricamente vantagem sobre um título que recorra a figuras de estilo como a ironia. Mas essa vantagem existe independentemente dos algoritmos: por muito que Carr e outros intelectuais não o compreendam, há muita gente incapaz de processar a ironia nos seus cérebros. E essa gente pode não ler o New York Times de papel, mas pesquisa na Internet e pode acabar a ler o New York Times on-line.
Mais: a subida e descida nos motores de pesquisa é condicionada por centenas de outros fatores. Embora seja aconselhável o título descritivo, um título irónico ou inteligente pode surgir no topo do Google, assim se conjuguem outros aspectos da optimização: a relação das palavras do título com as outras palavras da página, as primeiras linhas, a descrição do assunto... e por aí fora, não pretendo dar uma lição de SEO (nem seria a pessoa indicada).
Carr (como tantos outros que descobriram o SEO serodiamente) erra na avaliação. Os títulos descritivos têm outro destinatário. Os olhos dos leitores. A sua capacidade de discernimento numa fração de segundo. O leitor on-line não comprou o jornal, o que é meio caminho andado para ler cada artigo contido nas suas dezenas de páginas. Para o leitor on-line, cada artigo É uma manchete, um jornal, uma peça única, que não está embrulhada num pacote com dezenas de outras. Vai avaliar cada artigo no mostruário, na "banca virtual", antes de clicar para o ler.
É por isso que o título do exemplo clássico que lhe é tão querido, "Headless Body in Topless Bar", funciona tanto on-line como off-line. Não por ser "search-engine friendly" (não é), mas por ser "human-irresistible".
A fechar: o atraso de David Carr na aquisição de conhecimento sobre o meio on-line faz com que centre as suas atenções na optimização para motores de pesquisa quando ela está largamente ultrapassada. Hoje em dia, toda a gente já se optimizou pelo que o SEO perdeu a importância de ser decisivo. A batalha pela atenção -- isto é: a importância do título -- joga-se já há algum tempo nas redes sociais. Ou seja: nas pessoas. Na audiência. nos leitores. Humanos, não máquinas. Cérebros e nervos e contexto cultural, não algoritmos. As pessoas que vão partilhar uns títulos em vez de outros. As pessoas que vão recomendar um artigo em vez de outro.
Em síntese, David Carr (não confundir com Nicholas Carr, crítico da tecno-utopia e autor de, entre outros, "Is Google Making Us Stupid?") lamenta que a ditadura dos algoritmos prejudica a qualidade dos títulos. Ou seja, a Internet e a optimização para os motores de pesquisa obrigam o jornalista -- ou o titulador, figura que existe em muitas redacções -- a produzir títulos descritivos, em vez de criativos.
"Os títulos dos jornais eram antigamente escritos com os leitores em mente, sendo espertos, interessantes ou evocativos. Hoje as headlines existem apenas para serem apanhadas no radar dos motores de pesquisa", escreveu David Carr.
Na realidade Carr apresenta-se um pouco fora dos factos, quer a montante, quer a jusante da sua argumentação. Começo a montante.
Historicamente os títulos dos jornais foram objecto de muitas mutações. Podemos dividir a origem dessas mudanças em 2 tipos: as produzidas pelo homem, na evolução própria do conceito de jornalismo, que também se foi modificando ao longo dos últimos 200 anos; e as forçadas pelas mudanças técnicas na impressão dos jornais.
As mudanças técnicas, como os saltos da tipografia manual para as máquinas de compor e sobretudo da tipografia do chumbo para o offset, obrigaram a maiores alterações na medida em que alteraram os tamanhos e proporções dos títulos. Em geral, encurtaram batidas. Ouvi muito jornalista e diretor de jornal queixar-se da "ditadura do off-set", que "reduzia a criatividade" pois passámos a dispôr de menos batidas para os títulos. O desktop publishing devolveu parte da elasticidade perdida com o off-set ao liberalizar o uso da condensação das fontes.
Independentemente dos condicionalismos técnicos, a obrigação dos títulos interessantes sempre existiu e de alguma forma veio a tornar-se cada vez mais importante. Por uma razão de mercado, mais que qualquer outra: o aumento da concorrência estimulou a produção de títulos capazes de agarrar os olhos do leitor. Isto é especialmente verdade para as primeiras páginas. No interior dos jornais a "regra" aplica-se na mesma, por força do menor tempo de que as pessoas foram dispondo para ler os jornais.
Assim, Carr parece centrado num pequeno período da história dos jornais: o último quarto do século passado.
A jusante, Carr revela menos conhecimentos. É verdade que no universo dos algoritmos um título descritivo leva teoricamente vantagem sobre um título que recorra a figuras de estilo como a ironia. Mas essa vantagem existe independentemente dos algoritmos: por muito que Carr e outros intelectuais não o compreendam, há muita gente incapaz de processar a ironia nos seus cérebros. E essa gente pode não ler o New York Times de papel, mas pesquisa na Internet e pode acabar a ler o New York Times on-line.
Mais: a subida e descida nos motores de pesquisa é condicionada por centenas de outros fatores. Embora seja aconselhável o título descritivo, um título irónico ou inteligente pode surgir no topo do Google, assim se conjuguem outros aspectos da optimização: a relação das palavras do título com as outras palavras da página, as primeiras linhas, a descrição do assunto... e por aí fora, não pretendo dar uma lição de SEO (nem seria a pessoa indicada).
Carr (como tantos outros que descobriram o SEO serodiamente) erra na avaliação. Os títulos descritivos têm outro destinatário. Os olhos dos leitores. A sua capacidade de discernimento numa fração de segundo. O leitor on-line não comprou o jornal, o que é meio caminho andado para ler cada artigo contido nas suas dezenas de páginas. Para o leitor on-line, cada artigo É uma manchete, um jornal, uma peça única, que não está embrulhada num pacote com dezenas de outras. Vai avaliar cada artigo no mostruário, na "banca virtual", antes de clicar para o ler.
É por isso que o título do exemplo clássico que lhe é tão querido, "Headless Body in Topless Bar", funciona tanto on-line como off-line. Não por ser "search-engine friendly" (não é), mas por ser "human-irresistible".
A fechar: o atraso de David Carr na aquisição de conhecimento sobre o meio on-line faz com que centre as suas atenções na optimização para motores de pesquisa quando ela está largamente ultrapassada. Hoje em dia, toda a gente já se optimizou pelo que o SEO perdeu a importância de ser decisivo. A batalha pela atenção -- isto é: a importância do título -- joga-se já há algum tempo nas redes sociais. Ou seja: nas pessoas. Na audiência. nos leitores. Humanos, não máquinas. Cérebros e nervos e contexto cultural, não algoritmos. As pessoas que vão partilhar uns títulos em vez de outros. As pessoas que vão recomendar um artigo em vez de outro.
Isto aliás explica o sucesso do truque que David Carr usou no título da sua coluna no NYT. Não foi nada o SEO que levou "Taylor Momsen Did Not Write This Headline" a ser muito lido, mas o facto de provocar os leitores que, na sua maioria, desconfio, sabem mais sobre SEO que o articulista ;) Aquele truque fez muito sucesso há 5, 6 anos, quando ainda era possível subir nos motores de pesquisa usando truques desse género. Hoje faz parte do legado cultural do meio ambiente reticular. Ou seja: dá um título bem "catchy". Se é que me fiz entender :)
Descobri há pouco este excelente infográfico que nos retrata num olhar o "boom" das redes sociais através dos tempos -- isto é, da última década...
Os números, da Alexa e do TechCrunch, são de Novembro, mas a menor actualidade não tira o valor ao trabalho gráfico, mérito da Focus, uma empresa de pesquisa com uma aproximação aberta aos dados. Ora vejam.
Os números, da Alexa e do TechCrunch, são de Novembro, mas a menor actualidade não tira o valor ao trabalho gráfico, mérito da Focus, uma empresa de pesquisa com uma aproximação aberta aos dados. Ora vejam.
Portugueses lançam balão de alta altitude este domingo, em direto na rede
Paulo Querido
25 maio 2010
Um grupo de amigos decidiu levar o entusiasmo para lá da fase de sonho e no próximo sábado lança um balão de alta altitude que deverá subir até 30 quilómetros, na estratosfera, e depois rebentar, devolvendo ao solo uma caixa repleta de equipamento de registo.
O Spacebits project nasceu da iniciativa do director técnico do Sapo, Celso Martinho, juntamente com dois colegas na empresa, Filipe Varela e Fernando Afonso, e Filipe Valpereiro, professor na Universidade Fernando Pessoa.
O balão é lançado no domingo, dia 30 de Maio, em Castro Verde, com hora marcada para as 11:00. Calculam que o balão-sonda deverá gastar cerca de 2 horas até chegar aos 30.000 metros de altitude, onde deverá rebentar, devolvendo ao solo, amarrada a um pára-quedas, uma caixa repleta de electrónica e uma câmara digital que registará video e fotos.
Toda a informação, bem como dezenas de fotografias que documentam a preparação do projecto, encontra-se no site do Spacebits project.
A caixa, ou prova, tem entre outros aparelhos um GPS que permitirá seguir a experiência nos seus 2 movimentos, ascendente e descendente. A sua recuperação poderá mesmo tornar-se num acontecimento social, seguido tanto física e virtualmente.
O evento pode ser acompanhado no local ou pela Internet em tempo real. Com efeito, o projecto tem, além do website, conta no Twitter e grupo no Facebook.
No website apresenta-se um dashboard -- um conjunto de mostradores que vão exibindo em tempo real diversas informações como a altitude, a pressão, a humidade e a localização geo-referenciada, com recurso a um mapa.
Esse dashboard está nesta altura em fase de demonstração, veja a imagem abaixo e marque já este endereço para seguir no domingo: spacebits.eu/live.
É um momento histórico. A conta no Twitter da pop singer Britney Spears tornou-se a mais seguida, destronando a conta do actor Ashton Kutcher, que liderou a tabela dos mais populares no Twitter durante um ano.
Foi algures hoje, segunda-feira dia 24 de Maio que @BritneySpears passou os 4.940.000 followers, batendo @aplusk.
Há quem refira a "injustiça" do acontecimento, alicerçada no facto de não ser a própria Britney a alimentar a conta, enquanto Kutcher tuíta ele próprio...
Curiosidade é o número de tweets diários: enquanto Britney mantém uma média de 1,7 post por dia, Kutcher atinge 11,2. O topo da tabela dos mais populares no Twitter está cada vez mais ligada à popularidade fora daquela rede. Dos 5 primeiros Ashton Kutcher é, aliás, o menos mediático.
Foi algures hoje, segunda-feira dia 24 de Maio que @BritneySpears passou os 4.940.000 followers, batendo @aplusk.
Há quem refira a "injustiça" do acontecimento, alicerçada no facto de não ser a própria Britney a alimentar a conta, enquanto Kutcher tuíta ele próprio...
Curiosidade é o número de tweets diários: enquanto Britney mantém uma média de 1,7 post por dia, Kutcher atinge 11,2. O topo da tabela dos mais populares no Twitter está cada vez mais ligada à popularidade fora daquela rede. Dos 5 primeiros Ashton Kutcher é, aliás, o menos mediático.
A FIFA espera que o Mundial de futebol que começa em Junho na África do Sul supere todas as marcas registadas no tráfego das redes sociais.
"O futebol é o maior desporto do mundo, pelo que o mundo praticamente vai parar durante o mês do Campeonato", disse à CNN Matt Stone, diretor de new media da FIFA.
É bem capaz. No último Mundial não havia Twitter, o Facebook dava os primeiros passos e o Youtube era uma novidade. Mesmo as redes sociais estavam numa fase embrionária, longe da massificação a que hoje já assistimos.
Já no Europeu, há 2 anos, o acompanhamento através das redes sociais foi escaldante. É só imaginar o que vai acontecer agora com uma prova que é mais global e envolve países não-europeus com milhões de cidadãos aderentes às redes, como os Estados Unidos e o Brasil. Isto sem falar do número global de aderentes, que deverá ser 10 vezes maior do que há 2 anos.
"O futebol é o maior desporto do mundo, pelo que o mundo praticamente vai parar durante o mês do Campeonato", disse à CNN Matt Stone, diretor de new media da FIFA.
É bem capaz. No último Mundial não havia Twitter, o Facebook dava os primeiros passos e o Youtube era uma novidade. Mesmo as redes sociais estavam numa fase embrionária, longe da massificação a que hoje já assistimos.
Já no Europeu, há 2 anos, o acompanhamento através das redes sociais foi escaldante. É só imaginar o que vai acontecer agora com uma prova que é mais global e envolve países não-europeus com milhões de cidadãos aderentes às redes, como os Estados Unidos e o Brasil. Isto sem falar do número global de aderentes, que deverá ser 10 vezes maior do que há 2 anos.
Google Pac Man é o título da coluna de hoje no Correio da Manhã. Em vez de repetir aqui a sua publicação, fica o link para o artigo dentro do site do jornal.
Recordo que aqui mesmo, na extensão online da coluna, publiquei ontem uma notícia em cima da hora sobre o logotipo da Google.
Entretanto, hoje iniciei a colaboração episódica Mundial na rede, uma coluna inserida na separata Mundial 2010 que o Correio da Manhã publica de hoje, 22 de Maio, até ao final da competição. O primeiro artigo intitula-se Zé "web" Castro e é sobre a arma secreta de Carlos Queiroz (atrás da qual o Sporting já andou, parece que repetidamente). Mesmo sem compreender Queiroz, fiquei fã do Zé Castro :)
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